segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Festa

A festa tinha tudo para ser perfeita. Era verão, fazia uma noite agradável, sem brisa, as estrelas cintilavam, podia-se beber bem, e havia muitas mulheres belas, com vestidos sugestivos, a conversar despreocupadas com os homens.


Estava de férias, e uns amigos que via apenas no verão convidaram-me. Não era a primeira da vida. Mas, talvez por estar muito bem disposto, aquela parecia-me perfeita.


Foram tantas as cervejas, que, a determinada altura tive de ir descarregar águas junto ao mar. Afastei-me da festa, e o seu barulho desaparecia aos poucos conforme me aproximava do mar, o suficiente para não molhar os pés. Respirei fundo o ar agradável da noite e voltei.


Ao regressar notei a festa estranha, diferente. Fiquei desiludido, julgando que a festa iniciara o seu término na minha ausência.


Vi então que em vez dos balcões de bebidas estavam churrascos. Em vez de pessoas em roupa de festa, estavam de calções e chinelos. Como era possível? Não conheci nenhuma das caras, e aflito, comecei a procurar os meus amigos.


Os convivas repararam em mim. Viram-me a andar atarantado. Complacentes, pegaram-me nos ombros e sentaram-me em frente a um prato de febras grelhadas. Falaram comigo, mas não entendi nada. Não falavam a mesma língua que eu.

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