quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia do avô

Ainda sinto a tua mão no meu ombro. Ainda vejo o teu sorriso franco. Sei que partiste há muito. Mas ainda estás aqui ao meu lado. Lembro-me das ultimas palavras que trocamos, e sorrio. Sei que estás bem, partiste em paz. Adoro-te avô.

sábado, 16 de junho de 2012

Pedra

A vida era algo que ela não conhecia, parada naquele lugar desde sempre, era uma pedra, apenas movida pela água que há milénios não corria naquele leito seco de rio. Esquecida na ilusão do momento era uma pedra solitária. Ninguém a visitava nem mesmo a águia que pairava por cima do deserto. Era triste e solitária, aquela negra pedra que um dia pertecera a uma rocha, que um dia fora parte de algo maior, parte de um todo. esquecida naquele momento, sozinha para toda eternidade, ela sonhava com a calmaria dos dias e com as visitas que nunca vinhamm, e a vida nada mais era do que uma ilusão de dias que se seguiam às noites. Era ela e apenas ela que ficava naquele deserto sem movimento, parada a ver o céu, a olhar para o infinito sem nunca imaginar o que viria daquele lugar ao longe, fora do alcance dos olhos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Diz-me

Escrevi um rascunho num papel quando jovem. Encontrei-o agora, perdido entre outras páginas. Assustei-me. Não era um rascunho, era uma previsão. Procuro loucamente outros papeis perdidos. Talvez haja esperança. Talvez compreenda finalmente por que estou aqui...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ser Feliz

Eu sei que nunca mais voltarei a ser feliz. É algo que me é negado, desde que aceitei vir para tão longe de mim. Para o meio de pessoas que me odeiam. O tempo feliz acabou e eu estou tão longe de mim. Afastei-me de onde pertenço e aqui estou perdi na maré, sem encontrar o meu caminho de volta. Esrou perdida na imensidão do mar que me afunda.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Anel

 Porque terei comprado aquele anel? Nunca apreciei objectos antigos, mas numa visita a uma feira com umas amigas encantei-me naquela peça.

Desde aí, sempre que o usava acontecia qualquer coisa desagradável. De início não relacionei as situações, mas depois começou a ser demasiado evidente.

Começou por não ter muita importância: perder um brinco, partir um salto, dar um encontrão num colega. Depois as situações começaram-se a agravar. Perdi a correspondência do escritório. Extraviei o cartão de crédito. Parti um pé. O meu namorado traiu-me.

A determinada altura não precisava já de usar o anel para algo acontecesse, e, infelizmente, se tornasse permanente. Fiquei desempregada e doente.

Antes que alguém morresse empreendi uma viagem de 500km para o atirar num rio, à falta de vulcão, apesar do receio de um acidente durante a viagem.

Furou-se apenas um pneu do autocarro. E no regresso comecei a sentir-me melhor.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Festa

A festa tinha tudo para ser perfeita. Era verão, fazia uma noite agradável, sem brisa, as estrelas cintilavam, podia-se beber bem, e havia muitas mulheres belas, com vestidos sugestivos, a conversar despreocupadas com os homens.


Estava de férias, e uns amigos que via apenas no verão convidaram-me. Não era a primeira da vida. Mas, talvez por estar muito bem disposto, aquela parecia-me perfeita.


Foram tantas as cervejas, que, a determinada altura tive de ir descarregar águas junto ao mar. Afastei-me da festa, e o seu barulho desaparecia aos poucos conforme me aproximava do mar, o suficiente para não molhar os pés. Respirei fundo o ar agradável da noite e voltei.


Ao regressar notei a festa estranha, diferente. Fiquei desiludido, julgando que a festa iniciara o seu término na minha ausência.


Vi então que em vez dos balcões de bebidas estavam churrascos. Em vez de pessoas em roupa de festa, estavam de calções e chinelos. Como era possível? Não conheci nenhuma das caras, e aflito, comecei a procurar os meus amigos.


Os convivas repararam em mim. Viram-me a andar atarantado. Complacentes, pegaram-me nos ombros e sentaram-me em frente a um prato de febras grelhadas. Falaram comigo, mas não entendi nada. Não falavam a mesma língua que eu.

sábado, 21 de abril de 2012

Livro

Um livro encontrava-se sentado numa prateleira com as pernas bamboleantes, esperando que alguém lhe pegasse. Sentia-se só e triste. Era o único do seu tipo, isolado no meio de outros livros que nao lhe eram semelhantes. Colocado na prateleira errada, nunca seria escolhido nem nunca veria o mundo.